Relação entre escola e sociedade

Quando se busca criar um ambiente para a convivência coletiva entre os seres humanos e entre eles e o restante do planeta Terra (animais, vegetais e minerais), almejando uma qualidade superior nestes inter-relacionamentos, que possibilite uma vida sustentável dos pontos de vista econômico, social e ecológico, parece óbvio que para essa construção acontecer seria necessário um sistema escolar formal bem acessível, qualificado e consequentemente valorizado, pois só assim esse desafio poderia de fato acontecer e não apenas ser uma meta difícil de se tornar uma realidade, cada dia mais necessária.

É importante perceber que os seres humanos foram capazes de vencer alguns desafios estratégicos para promover a melhoria da qualidade de vida neles no planeta, a saber: a implantação de infraestrutura e rotas ou vias para o transporte de pessoas e cargas ao redor de todo o planeta, a criação de toda uma estrutura para a comunicação de informações e dados ao redor de todo o mundo (internet), entre outras soluções globalizantes.

Porém em 2025, cabe uma importante pergunta: por que ainda em grande parte dos agrupamentos humanos não ocorre na realidade o acesso a uma escolarização formal com boa qualidade? Lembrando que uma escolarização formal com qualidade é aquela onde os alunos aprendem a aprender e constroem uma base de conhecimentos mínimos para poderem contribuir na melhoria das suas vidas e da vida em sociedade.

E a resposta pode ser descoberta a partir do fato comprovado que ao longo da história da maioria dos agrupamentos humanos não prevalece a construção de ambientes sociais equilibrados e justos, afinal é no desequilíbrio social e econômico que sempre apareceram grandes oportunidades para que uma minoria de pessoas conseguissem acumular muito valor em pouco tempo e consequentemente pudessem assim acessar muito poder de comando no agrupamento, satisfazendo com isso a vaidade infinita e o egoísmo que está presente na maioria das pessoas, afinal é uma tentação se perceber como um dos donos do mundo e uma sensação de muita satisfação com o tratamento que muitos irão lhe oferecer a partir dessa condição (muita submissão e obediência).

Deve-se destacar que para se conseguir uma sociedade justa e equilibrada seria necessário que a vaidade de se conviver bem no contexto social (com todos os membros de um agrupamento humano podendo acessar um padrão mínimo de dignidade=miséria zero), fosse prevalente sobre a vaidade de conquistar e acumular individualmente muito valor e muito poder político. Não se trata de um ambiente comunista que anula as diferenças presentes entre os seres humanos, mas sim de assegurar o direito a uma vida com dignidade, para a partir do mínimo necessário, todos poderem construir seu sonhos na jornada da vida (administrando os riscos de cada sonho).

Desta maneira, fica evidente que há um desafio histórico entre as práticas de uma sociedade humana no seu cotidiano e a prática escolar, pois na maioria dos países tolera-se ações imutáveis de injustiças sociais ao mesmo tempo que se impõem que as escolas promovam o sonho de uma sociedade melhor imaginária. Com isso a atividade gerada por uma escola tende a não ser crível (a partir dos próprios alunos). Uma evidência da falta de credibilidade na competência dos professores na realidade de uma sociedade, pode ser constatada que em muitos países um docente serve para construir o futuro de um país, mas ele não é valorizado para trabalhar no presente em uma empresa para construir no presente a riqueza desse mesmo país, lembrando que tal prática é muitas vezes reforçada com uma triste frase: quem sabe faz e quem não sabe ensina.

Então qual seria uma solução viável para que se construa verdadeiramente uma melhor relação entre uma sociedade e suas escolas? Bem a resposta pode estar na falta de um compromisso entre a estrutura social e as escolas. Partindo dessa constatação a melhor maneira de se estabelecer esse compromisso seria um contrato entre cada escola autorizada a funcionar e as organizações sociais corresponsáveis pela construção da sociedade (instituições no âmbito do poder público e associações representativas das inciativas privadas)

A seguir apresentamos 5 (cinco) cláusulas essenciais nesse tipo de contrato, visando verdadeiramente integrar a escola (onde estará o futuro) com quem já esteve na escola e constrói no presente o caminho que vai gerar o futuro:

  1. Todas as instituições do poder público e todas as organizações representativas da inciativa privada na área de abrangência de uma escola, serão corresponsáveis pela processo de educação para vida desenvolvido pela escola.
  2. Todas as instituições do poder público e todas as organizações representativas da inciativa privada na região onde a escola atua serão responsáveis por controlar a cada semestre se os recursos financeiros destinados para a escola foram realmente convertidos em bem estar para todos (remuneração + recursos educacionais) e quais os resultados apurados com a aplicação desses recursos no processo de educação.
  3. Em cada escola existirá uma comissão externa de avaliação das relações entre sociedade e escola bem como da relação entre alunos e os docentes, a partir do cumprimento no cotidiano da escola das leis vigentes em uma sociedade humana.
  4. Não mais se admitirá o funcionamento de escolas com cursos presenciais de segunda a sexta-feira no período noturno, com os alunos vindos para as aulas após um dia inteiro de trabalho, afinal se toda a energia de um dia já ficou em boa parte na geração de riqueza com o trabalho realizado, quanta disposição realmente existirá todas as noites para estudar com dedicação? A resposta será pouca disponibilidade para realmente estudar e muito interesse em frequentar uma escola a noite para tornar essa escolarização no cumprimento apenas de uma obrigação, para alcançar um diploma ou certificado. Porém as escolas poderão ofertar cursos noturnos presenciais ou semipresenciais com uma carga horária máxima de 100 horas aula em um semestre, com a ida do aluno somente 2 noites intercaladas.
  5. As escolas e toda a sociedade deverão assegurar uma estrutura escolar que promova a educação física e esportiva bem como a educação artística (música, dança, teatro, pintura, escultura etc.). Assim, pode-se por em prática a expressão “MENTE SÃ EM UM CORPO SÃO". Além disso, a estrutura escolar deve priorizar também a oferta de conhecimentos essenciais com muita qualidade eliminando a quantidade excessiva de temas em cada semana de aula.

Finalizando esse contrato entre cada escola e os entes de uma sociedade não deve ser longo, para que fique mais fácil de ser efetivado, bem como o seu principal objetivo é por em prática um provérbio africano, ou seja, “Para se educar para a vida é necessária a atuação contínua de toda a aldeia”. Afinal hoje em dia na maioria das escolas no mundo existe uma ausência dos ex-alunos ajudando a construir o futuro de um país, país no qual eles estão vivendo e no qual vão envelhecer, sendo que se uma sociedade não se interessar pelo seu futuro, ela estará condenada a uma estagnação.


Cortesia da Secretaria de Educação de Minas Gerais


Cortesia da Marinha do Brasil do Rio Grande do Sul


Cortesia da Prefeitura de Curitiba e do Teatro Guaíra